Drapetomania: 2012

Steve McCurry III | Fotógrafos

Continuando o onirismo de Steve McCurry e de suas imagens que suprimem a vida em uma paleta de cores. Me assumo um tanto conservador quanto ao gosto fotográfico, nomes que não saem de minha cabeceira são conhecidos, Cartier-Bresson, André Kertész, Robert Doisneau, Ansel Adams, todos possuem certa linguagem em comum, fotografias monocromáticas, de temas comuns, cotidianos, e de singular visão. Porém o que sempre me chamou atenção é a amplitude da gama tonal que estes autores conseguem em suas fotografias, chegando a eximia técnica do sistema de zonas proposto por Adams, além do onirismo tratado, uma espécie de cotidiano que não existe, de supressão de sonhos inimagináveis. De um suposto "mundo real", porém eles fotografavam o mundo real, eram fotógrafos reais, com sonhos reais, que de certo modo eram transpostos em suas imagens. McCurry me surpreende com suas imagens, pois suas cores também são reais, de um mundo real, porém, tão lúdicas quanto a própria temática de suas fotos. Além da extensa gama tonal atingida em paleta de cores, como se nada escapasse de suas mãos, e olhos.

Gabriel Ornellas | Imagem ao Infinito

"Através da imagem mantém-se um consciência do infinito: O eterno dentro do finito, o espiritual no interior da matéria, a inexaurível forma dada."(A. Tarkovski) A imagem transcende ao simplório sentido visual. Ao assumirmos a imagem como simples faculdade visual a reduzimos como potência, pois se sou capaz de ver, sou capaz de apalpar, de inalar, degustar e escutar. A imagem, em sua faculdade estética, é capaz de nos levar ao infinito, não em sua materialização, mas criando uma ilusão, a própria imagem."

Gabriel Ornellas | Certeza Delirante

"Cada manhã recebemos notícias de todo o mundo. E, no entanto, somos pobres em histórias surpreendentes. A razão é que os fatos já nos chegam acompanhados de explicações."(W.Benjamin)" Através das associações poéticas, intensifica-se a emoção e torna-se o espectador mais ativo. Ele passa a participar do processo de descoberta da vida, sem apoiar-se em conclusões já prontas, fornecidas pelo enredo, ou nas inevitáveis indicações oferecidas pelo autor." (A. Tarkovski)

Gabriel Ornellas | A Arte de Existir

"A manifestação da arte é também a capacidade que o homem tem de transcendência da dor de existir" (Marcelo Gomes)

Pois se tem algo de concreto na vida, é a inconcretividade dela. E se de algum modo, como Guimarães, a vida embrulha tudo, esquenta e esfria, esse frio então, nada mais é do que uma estação, estação essa que se vai com o chegar da primavera, do reflorescimento. É apenas coragem! Pois assim sendo, dê-me um cigarro, uma taça de vinho e lenha para a lareira!

Henri Cartier-Bresson | Fotógrafo

Nasce em 22 de agosto de 1908, em Chanteloup, França, um dos mais influentes e mais significativos fotógrafos do século XX, Henri Cartier-Bresson, filho de uma próspera família do ramo têxtil francês. Quando criança, Bresson recebeu um presente que delimitaria sua vida, uma Box Brownie, e não demorou muito para que ele ficasse fixado pelo universo imagético, experimentando na sequencia o que viria acompanha-lo na maior parte de sua vida, uma 35mm. Apaixonado pelo mundo imagético, Bresson não foi apenas um fotógrafo, como também, cartonista e artista plástico. A importância de Bresson no mundo das artes é tamanha, que por muitos, é tido como o Picasso da fotografia. Além do que é considerado, juntamente com seu grande influenciador, André Kertesz, um dos pais do fotojornalismo.

A partir de 1974, o mestre da fotografia se dedicou ao desenho e ao intuito de mostrar suas obras. Sua produção fotográfica transpira verdade, uma vez que ele acredita que a câmera pode traduzir o mundo real em imagens, flagrando-as em suas manifestações mais espontâneas. É daí que surge, baseado na linguagem fotográfica de Bresson, o que viria a se consagrar como "momento decisivo", no qual consiste a ideia da existência de um momento único, tão sublime quanto fugaz, quando todos os elementos de uma cena se combinariam para uma foto. Todavia, Bresson não acreditava que este momento acontecesse apenas uma vez durante uma situação, e sim, que encontros sublimes ocorriam com frenquencia na vida de um fotógrafo, bem como ocorriam com ele nas tardes, as quais, ficava flanando pelas ruas. O grande segredo então, seria saber captar tais momentos. Com o momento decisivo, Bresson adquiriu discípulos como Robert Doisneau, Willy Ronis e Edouard Boubat. Consigo, Bresson levavava apenas uma antiga Leica, com uma objetiva de 50mm, e filmes P&B, particularmente Bresson não gostava de artefatos que distanciasse suas fotografias do seu olhar. Em 2 de agosto de 2004, aos 95 anos, Bresson morre na Provença, em seu país natal, deixando seus ensinamentos e sua magnífica obra fotográfica.

"De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há mecanismo no mundo capaz de fazê-Ias voltar outra vez. Não podemos revelar ou copiar uma memória”. (Henri Cartier-Bresson)