Pai! Mãe! Tem alguém aí? Mas que merda, não tem ninguém em casa de novo. já estou de saco cheio desta putaria. Que fome! Além de saírem de novo sem me chamar, não deixaram nada pra comer. Parece que eu não existo! - O perfume adocicado e enjoativo de minha mãe ainda esta no ar, eles devem ter saído à pouco. - Se ao menos tivessem deixado dinheiro para eu pedir uma pizza! Mas não, eles esquecem que tem outro morador nesta casa.
Esta tudo tão normal. A TV no mesmo canal infame de sempre, os tapetes bem escovados, as bebidas do bar, os contratos do meu pai, só a limpeza que está impecável. - Parece até quando íamos viajar e minha mãe mandava faxinar a casa inteira, como se fosse colocar à venda. - Escutei barulhos na cozinha, deve ser o desgraçado do gato do vizinho tentando comer os restos de cima da mesa. Ué, não tem nada em cima da mesa, quanto menos o infeliz do gato, aliás, cadê as porcelanas da minha mãe? A prataria? Os armários estão todos vazios cheirando a álcool. A geladeira desligada sem nada dentro. O quarto também está vazio, a cama muito bem arrumada, os armários vazios, de portas abertas.
Escutei risos, eles devem ter voltado. Pai! Mãe! Não há ninguém aqui, só as cortinas de seda balançando suavemente com a brisa da chuva que se anuncia. Não demorou muito uma fina garoa rompeu a noite fria. As janelas estavam todas abertas, não havia porque fechá-las. Quem desligou a TV? Cadê as bebidas do bar? Os papeis? Fui até o quarto passar o tempo até que alguém chegasse. Estava tudo diferente. Tudo eximiamente arrumado, meu computador não era este, este parece de mentira. A escrivaninha estava limpa, sem nada em cima, apenas um bloco de papel em branco e três novos lápis. A planta que ficava ao lado do computador era artificial. - Não me recordo de ter comprado nada artificial. - Sentia frio, muito frio, fui pegar uma blusa e nada encontrei. Armários vazios, de portas abertas. Só restou minha velha mochila rasgada com alguns desenhos dentro e uma ponta. Escutei vozes felizes vindo da sala. Pai! Mãe! Vocês voltaram?
Gabriel Ornellas
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